segunda-feira, 2 de maio de 2011

21 - Capítulo X - Amor ou Amizade

Marcos estava sentado ao lado de Fabrício no banco da pracinha segurando a vontade de socar sua cara, quando ouviu atrás de si:
__Não precisam ter essa conversa. Era Batista, com um olho roxo e cara de poucos amigos.
__Nossa! Tá feio isso aí! Fabrício observou, enquanto Marcos baixava os olhos envergonhado.
__Pode me deixar sozinho com ele?
__No és perigoso?
Marcos levantou-se de supetão, mas foi barrado por Batista.
__Vá embora Fabrício! Chega de encrencas, por favor...
__Vá bene...Fabrício saiu em direção ao carro, enquanto os dois amigos sentavam novamente. Marcos sentia que iriam ter uma delicada conversa e sentiu o sangue gelado nas veias, a boca seca e o coração saltando à boca.
__Preciso pedir que me perdoe. Não queria machuca-lo. Eu juro!
__Deixa prá lá. Eu sei que o murro não era para mim...
__Mas não tem desculpas, eu devia ter me segurado.
__Concordo. Sua atitude foi de um bandido. Eu não acredito que aprendeu isso lá na cadeia.
__Eu perdi a cabeça. Desculpe-me. Não sei o que me deu...
__Mas não temos tempo para essa conversa. Tenho outro assunto mais importante.
__Nada disso. Eu já fiz muita cagada por conta disso. Precisamos ter uma conversa definitiva.
__É o que mais quero. Mas antes precisa resolver algo que está acontecendo e envolve sua vida e seu  trabalho.
__Do que fala?
__Um de seus irmãos. Acabo de receber um telefonema de sua mãe. Parece que aconteceu um acidente ou algo assim. 
__Continue.
__Não sei dos detalhes. Sei que é grave e que estão trazendo para cá onde existem mais recursos.Meu pai já se prontificou a ajeitar as coisas. Hospital e tudo mais.
__E minha mãe?
__Vem junto. Venha. Vamos até o escritório onde temos mais informações. 
__Poxa cara! Nem sei o que dizer.
__Esquece. Isso supera qualquer problema que possamos ter. Depois acertamos nossos ponteiros.


Alcool, a perdição do mundo...Seria o fim dos tempos Meu Deus?
Enquanto D. Maria segurava a mão de seu caçula Miguel, inconsciente, pensamentos vinham atormentá-la. Parece que o motorista dirigia embriagado. Seus dois filhos voltavam de uma balada quando aconteceu a discussão.
__Eu dirijo! Rafael decidiu.
__Nada disso! O carro é do meu pai. Se deixo você dirigir ele me esfola vivo. Joaquim estava bem alterado.
__Mas você bebeu muito. Jovilson esbravejou.
__Tá com medo? Covarde! Vá a pé então. Miguel ouvia tudo sentado no meio fio.
__Estamos a 10 km de casa. Como ir a pé nessa escuridão?
__Cansei dessa baboseira. Quem quiser venha comigo. Quem não quiser vá a pé. O rapaz entrou no carro e logo os amigos foram entrando, um a um, seis pessoas.  Jovilson e Miguel sentaram no banco de trás. O que menos bebera foi Rafael,  que sentou à frente com Joaquim, ainda assim foram 4 latas de cerveja.
Não deu noutra. Bateram de frente a uma carreta. O motorista e o passageiro da frente tiveram morte instantânea. Os quatro rapazes do banco trazeiro tiveram costelas quebradas e o mais grave Miguel,  com traumatismo craniano. Tinha que ser operado com urgência e só o hospital das Clínicas de Porto Alegre tinha estrutura para tal.

Já estavam há oito horas na sala de espera quando veio a notícia, a cirurgia tinha sido um sucesso. Tinham que esperar o período pós operatório para ver se tinha ficado alguma sequela. O importante era que não corria risco de morte, mas alguma coisa incomodava Marcos, como uma premonição de que algo de muito ruim ainda estava por vir.
Seus medos se confirmaram com o dignóstico que veio a seguir. Era hemiplegia, ou seja, paralisia de um lado do corpo.
 Seu irmão era jovem, tinha força de vontade, superaria qualquer obstáculo e podia sempre contar com a ajuda de Marcos e D Maria, que teriam que revezar, pois Jovilson tinha ficado no Hospital do interior se restabelecendo das lesões nos braços e costelas.
O tratamento de Miguel era demorado e custaria caro, mas Dr.Mauro se comprometeu em arcar com os custos.
__Nunca vou poder pagar seu pai por tudo isso.
__Não se preocupe com dinheiro. Isso não importa.
__Como não? Meu irmão teria morrido se dependesse do serviço público.
__Não morreu. E vai ficar tudo bem.
__Terei uma eterna dívida com sua família.
__Tenho medo disso...Prefiro que tenha dívida comigo, nunca com meu pai.
__Não diga besteira. Eu já era grato por ter me tirado da cadeia, arrumado trabalho, agora isso...
__Prometa-me uma coisa então...
__Diga.
__Se meu pai fez tudo isso foi porque eu pedi, porque somos amigos. Então, se um dia meu pai te pedir algo em troca, prometa que fala comigo antes.
__Por que diz isso?
__Meu pai não é nenhum santo. Eu o conheço bem. Quero que me prometa isso.
__Tudo bem. Se ele pedir minha alma, antes peço sua autorização, está bem?
__Vai brincando. Eu sei o que digo.


Enquanto isso, no escritório...

__E aí? Já ligou para as piranhas? O sócio de Dr. Mauro perguntou curioso.
__Não. Não tive oportunidade ainda. Com o acidente do irmão do Marcos eu acabei protelando essa história.
__Não seja bobo. Tem que tomar uma atitude o quanto antes.
__Eu sei. Não se preocupe. É que contava com a participação do rapaz, afinal são grandes amigos. Mas agora, deve estar sem cabeça para sexo...
__Tem certeza de que é  uma boa idéia envolver o Marcos?
__Por que? Sabe de alguma coisa que não sei?
__Não. Mas se são tão amigos assim ele deve saber da vida sexual de seu filho. Talvez acoberte.
__Não acredito. Marcos é um brutamontes. Machão que só ele! Eu ainda vou conseguir que me ajude nessa empreitada, vai ver.
__Eu espero que esteja certo.Mas não demore com isso. Foi difícil convencer as garotas a fechar um programa assim no escuro, sem o freguez saber.
__Ah! Conta outra! Elas são pagas para isso, não podem reclamar. Tem que  fazer bem feito apenas.
__É. Talvez você esteja certo.


Próximo Capítulo - Dia 9 de maio
continuação do Capítulo X - Dinheiro tudo compra...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência.