segunda-feira, 11 de abril de 2011

18 - Acertando as Contas com a Mãe do meu Filho

__Anda pai... Dá uma chance para meu amigo.
__Tudo bem.Mas não quero me arrepender. Nada de aprontar novamente.
__Não se preocupe. Eu ainda vou convencê-lo a fazer Direito, assim como eu.
Juro que eu não entendo essa amizade de vocês. Isso me assusta...
__Deixa disso pai. Eu mudei e ele também. Pode ficar tranquilo.
__Batista! Tem um homem te procurando.
__Disse o nome? Anita sempre fazia isso, esquecia de pegar o nome das pessoas que ligavam ou procuravam pelo pessoal do escritório. Parece que vivia com a cabeça nas nuvens.
__Poxa! Esqueci. Mas ele está lá na recepção.
__Vai lá então e pergunte seu nome.
A moça saiu apressada. Sabia que tinham razão.Depois de alguns minutos retornou sorridente.
__Seu nome é Fabrício. Que gato! Ele tem uma maneira de falar...Que sotaque!
__Fabricio? Batista ficou gelado.
__Sim. Ele é italiano. Conhece?
__Invente uma desculpa...Vou sair pelos fundos.
__Espera! Eu digo o que? Quem é esse cara?
Seu pai olhou intrigado.
__É alguém que conheceu na Itália? Por que não quer vê-lo?
__Coisa minha. Outra ora eu explico. Anda sua lerda! Vá lá e despache ele...
Anita saiu intrigada. Sua curiosidade transbordava.
__O senhor Batista saiu mais cedo hoje. Desculpe-me não ter avisado, eu havia esquecido.
Fabrício percebeu tudo. Era um rapaz perspicaz demais para cair numa desculpa tão esfarrapada.
__Diga a ele que sono hospedado neste hotel. Entregou um cartão à moça e completou: Diga que aspettare vossa chamada.
Batista saiu do escritório totalmente atordoado. O que poderia querer Fabrício? Sua presença trazia a tona seu segredo mais íntimo, que era homosexual. Não podia negar que a idéia de revê-lo era tentadora. Sentia um arrepio na espinha só de lembrar tudo que viveram juntos. Mas na Itália. Aqui noBrasil era considerado hetero. Só Marcos conhecia seu segredo. Estava decidido, ia se aconselhar com o amigo.


 Enquanto isso em São Paulo,

Manuela e a mãe, Dona Lindalva, estavam reconstruindo a vida em São Paulo. A senhora trabalhava na feira, havia montado uma banca de utilidades, que lhes rendia o suficiente para manter a casa e as necessidades do neto, Felipe, de dois meses. Manuela trabalhava  de babá na mesma creche onde conseguiu, depois de uma longa procura, vaga para o bebe.
__Manu, troca de horário comigo amanhã?
__Não sei, é meio complicado. Teria que mudar todos os horários do Felipe e ele está meio resfriadinho. Não acho legal sair daqui com ele a noite.
__Tudo bem. Vou ver se outra pessoa troca comigo. Tenho médico e não acho legal faltar.
__Eu sei. Gostaria de ajudar, mas não posso prejudicar o Felipe, ele ainda é muito pequenino. Pode pegar uma corrente de ar e ficar pior. Uma pneumonia nessa idade é arriscado.
__Tudo bem, já disse. Eu me viro. A colega estava visivelmente contrariada, mas Manuela era uma mãe dedicada, não ia fazer nada que agravasse o estado de saúde do filho.
Quando chegou em casa veio a notícia:
__Almir esteve a sua procura lá na feira. Manuela ficou branca feito cêra.
__O que a senhora disse?
__O que combinamos ora. Que você tinha se mudado para a casa da Tia Tereza em Canoas.
__E ele?
__Não acreditou. Eu acho que andou investigando. Deve saber que você teve o Felipe.
__O que eu faço?
__O que tem que ser feito ora. Já falamos sobre isso.
__Ele é pai do meu filho...
__Não seja ingênua. Quando ele souber que não fez o aborto vai fazer o pior.
__Ele não machucaria seu proprio filho.
__Eu não falo do bebe. Falo de você! Ele é um bandido. Quando vai acordar?
Já pensou se ele rouba o nosso bebe?
Manuela deu um grito.
__Não diga isso, não quero nem pensar...
__Então prove que é uma boa mãe e faça o que tem que ser feito. Eu vou com você.
__Está certo. Vamos a delegacia.
Conversaram longamente com o delegado de plantão e decidiram ir para um hotel.
__Mas as coisas do Felipe estão em casa.
__Compramos novas. Mamadeira, fralda, até roupas se for preciso.
Naquela noite nenhuma das duas conseguiu dormir. No dia seguinte tomaram café e foram rapidamente, cada uma para o seu trabalho. Sabiam que era arriscado, provavelmente Almir a encontraria na creche, mas o delegado havia aconselhado assim.
__Estou com um nó no peito de deixar meu bebe com aquela estranha.
__Deixa de bobeira. É uma policial. Além do mais está mais seguro com ela no hotel que com a gente.
__Espero ter feito a coisa certa.
O dia transcorreu normalmente. Era 17:30 horas e Manuela se preparava para sair quando veio a notícia:

__Almir invadiu o hotel e rendeu Olívia, a policial. A polícia está lá negociando com ele.
__E meu filho?
__Estamos fazendo o possível para retirá-lo de lá são e salvo.
Manuela não ouviu mais nada. Correu para o hotel. Estava decidida a  trocar de lugar com o bebe. Não queria que nenhum mal lhe acontecesse.


Próximo Capítulo - Dia 18 de abril de 2011
Capítulo IX - Mãe faz o que for preciso...

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