Assim que avistou a moça o Delegado foi logo dizendo:
__Seu namorado entrou no hotel agora a pouco. Parece que sabia que seu filho estava lá. Só não sabia que a mulher com ele era uma policial, achou que fosse apenas uma baba.
__Meu filho! Onde está meu filho?
__Calma. Ele está bem. Já não posso dizer o mesmo dele. Sinto muito.
__O que houve?
__Invadimos na primeira oportunidade. Era a vida de um inocente em jogo.
__Onde está meu filho?
A porta do elevador se abriu e saiu uma senhora de cabelos grizalhos com o bebe no colo. Manuela correu ao seu encontro, felizmente estava bem. O resto perdia toda a importância, a vida do rapaz, da policial. O sentimento era de alívio. Olhou para o lado e viu o corpo ensanguentado numa maca ao pé da escada.
__Cubram o corpo!
O Delegado dava as ordens enquanto a multidão se aglomerava na porta de entrada do prédio. Vendo o olhar de Manuela no corpo inerte ele explicou:
__Ele reagiu a prisão. Era um traficante procurado pela justiça. Acertamos um tiro na perna, mas ele revidou, tivemos que matá-lo.
A mãe de Manuela atravessou a recepção nervosa.
__Venha minha filha! Não tenha pena. Ele procurou por isso.
Sabia que Almir era uma cara legal, esforçado, bem criado pela avó e tinha tudo para dar certo na vida. Se decidiu ir pelo caminho errado o problema era dele, teve o que procurou.
__Mas é errado matar uma pessoa, mesmo sendo bandido.
__Eles fizeram isso para salvar seu filho, meu neto. Não vai tomar a defesa dele agora. Sabe o que o policial disse? Que ele tinha mamadeira e fralda descartável na mochila. Ele ia roubar nosso Felipe...
A revolta da moça se evaporou. Quando soube das intenções do rapaz ficou aliviada por ter morrido.
__Agora é que vamos verdadeiramente recomeçar. Acabou o fantasma desse bandido que atormentava nossos dias. Morreu e pronto! A senhora puxou a garota para a rua.
A mãe tinha razão. Agora poderia recomeçar sua vida e até encontrar uma pessoa decente para ser pai de Felipe. Tinha que esquecê-lo.
Enquanto isso,
__Você não vai...
__Claro que vou. A princípio fiquei em choque, mas não quer dizer que não vou até lá.
__Não vai mesmo! Que merda! Esqueceu de como fugiu da Itália?
__Fugi da Máfia. Não dele. Claro que na época eu não confiava em ninguém, mas hoje vejo que ele só me deu coisas boas, jamais me causaria algum mal...
__É uma recaída?
__Não entendo você...É ou não meu amigo? Eu achei que quisesse minha felicidade. Fabrício foi uma pessoa importante em minha vida. Foi a partir dele que assumi minhas preferências. Ele me fez ver que sou o que sou e não tenho que ficar com vergonha ou medo de me expôr.
__Ah é? Então por que não diz para todo mundo que é gay? E seus pais? Disse a eles?
__Tá certo, não me assumi por inteiro. Mas ainda é tempo. Ando com vontade de jogar tudo no ventilador. Que me aceite quem realmente gostar de mim do jeito que sou.
__Eu gosto de você do jeito que é, esse Fabrício só quer se aproveitar de ti brother.
__Se aproveitar? Eu não sou rico, do que está falando?
__De sexo!
__Ora Marcos, quem ama quer sexo.
__Realmente acha que ele te ama?
__Não sei, veio até aqui, não veio?
__Faça como quiser. Mas me deixe fora disso. Depois não venha choramingar no meu ouvido.
__Se não te conhecesse bem acharia que está com ciumes.
__Não diga asneiras...
__Viu? Ainda acha que tenho que me isolar e mandar embora a única pessoa que assume que me ama?
__Acha que eu te amo e não assumo? Debochou o rapaz.
__Não sei de mais nada.
__Vá para o inferno então!
__Vou mesmo.
__Em que hotel está o italiano?
__Por que quer saber?
__Esquece. Descubro eu mesmo.
__Marcos. Por favor, não se meta nisso. Pense bem antes de tomar alguma atitude da qual vai se arrepender, com certeza. Por que não se aconselha com sua mãe? É a pessoa mais sensata que conheci...
__Não preciso de conselhos. Você sim.
__Vá a merda então!
Batista saiu decidido a encontrar Fabrício. Sentia que Marcos gostava dele. Mas de que isso adiantava se nunca assumiria o que sente? Estava decidido, ia ver se ainda tinha alguma chance com o seu antigo amante.
Talvez Batista tivesse razão. Sua mãe era uma pessoa de bem, sempre foi sua amiga. Mas estava longe, não podia pedir conselhos sobre sua sexualidade pelo telefone. Ainda mais por se tratar de sentimentos em relação a uma pessoa do mesmo sexo que ele.
Ficou horas martelando no banco da pracinha. Depois foi até o escritório do amigo.
Anita o atendeu na recepção.
__Batista saiu. Tinha um compromisso.
__Eu sei. Foi até um hotel para um encontro com um empresário italiano. Ficamos de nos encontrar lá.
__Ah, então você sabe.
__Sim. Eu estou em fase de testes aqui no escritório.
__Eu sei. Parabéns pela oportunidade.O Doutor me contou, é o novo Ofice Boy.
__Pois é. Como sou novo ainda estou aprendendo as coisas. Batista pediu que eu o encontrasse lá com alguns documentos, mas esqueci de perguntar em qual hotel.
__Ah, isso. Está aqui. Anita pegou um cartão de cima da mesinha. É no centro, você não terá dificuldade em localizar.
__Valeu. Estou em cima da hora. Valeu mesmo.
__Nada. Disponha!
Marcos saiu apressado. Tinha sido mais fácil do que imaginara. Pegou um taxi e quando desceu em frente ao hotel avistou o carro do amigo estacionado em frente. No cartão tinha uma anotação à caneta "apto 301". Era só entrar e pegar os dois com a boca na botija.
__Agora preciso descobrir o quarto do infeliz.
Próximo Capítulo - Dia 25 de abril de 2011
Capítulo IX - Ciúme na dose certa...
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